Nom hai fronteiras


O artigo Nom hai fronteiras foi publicado originalmente no Nós Diario em 10 de fevereiro de 2022, na versom digital e na versom em papel. Posteriormente, foi republicado no PGL em 16 de março de 2022.

¿Por qué no lo haces en castellano para que lo entienda todo el mundo? Si lo hicieses en español, llegaría a más gente. Conhecedes perfeitamente estas frases, estades afeitas a ouvi-las repetidas como se fossem um mantra. E o curioso é que todas essas persoas que afirmam que o galego limita, paradoxalmente, som as que realmente vivem limitadas polas suas fronteiras.

Ponho um exemplo real. Uma persoa cria vídeos para o Tik Tok em galego falando das suas cousas. Alguém deixa um comentário que di: ¿Por qué haces los vídeos en gallego? Si lo hicieses en castellano te entenderíamos todos. Esse todos ao que se está a referir som os 9 milhões de persoas que usam o Tik Tok no Estado. Numa rede social que tem 800 milhões de usuáries de todo o mundo, a persoa que deixa o comentário é incapaz de ver além das fronteiras. O seu mundo é Espanha.

O mundo tem mais de 7,8 mil milhões de habitantes e mais de 7.000 línguas diferentes

Mas o problema já nom é essa gente. Na internet é fácil eliminar comentários e bloquear contas. O problema é que nós, como povo, temos isso interiorizado. Essa artista que cantava em galego e agora sacou um disco em castelhano, bem por ela que deu o salto. Como Ana Peleteiro nos Jogos Olímpicos. Esse ator que saía nas séries da Galega e foi para Madrid fazer filmes em castelhano, agora é que é um ator de verdade. Um ator consagrado, como as hóstias da missa. Essa youtubeira que fazia vídeos em galego e que, quando o canal começou a crescer, passou ao castelhano porque así me entienden los gallegos y los no gallegos. Porque os no gallegos vivem todos em Espanha, polo visto.

Nom sei se vistes a série E se…? da Marvel. É bastante jeitosinha, eu gostei, mas esse nom é o assunto. O caso é que, quando começam os episódios, uma voz em off di que a realidade é um prisma de possibilidades sem fim, onde uma única escolha pode resultar em realidades infinitas, dando origem a mundos alternativos daqueles que conhecemos. Entom, vamos considerar a questom: E se… houvesse vida fora das fronteiras espanholas?

Podemos deixar para um outro dia o debate de se o galego e o português som a mesma língua, mas uma cousa é inegável: as persoas lusófonas entendem o galego. Só é preciso ver um vídeo do canal do Youtube de Nós Televisión, do Olaxonmario ou mesmo do #DígochoEu. Já nom é só que haja comentários de toda a lusofonia, é que mesmo é bem comum ver persoas brasileiras a comentar que entendem mais facilmente o galego do que o português de Portugal. Nom digo que isto seja assim, a gente gosta muito de exagerar na internet, mas está claro que existe um público enorme de persoas que sim nos entendem, sim.

E bem, já sei o que estades a pensar: Já está aqui o típico reintegracionista a falar das suas teimas. E tendes razom. Vamos ir entom para fora da lusofonia. Pensai numa persoa, nom sei, da Noruega, que está a ver Netflix e lhe aparecem recomendadas as séries O Sabor das Margaridas (filmada em galego) e Fariña (filmada em castelhano). Pensades que a língua original da série vai ter alguma importância à hora de escolher qual delas ver?

E vamos ir um passinho mais além. Vamos pensar no anime, na animaçom japonesa, e em toda a gente que a consome na versom original legendada. Vamos pensar no fenómeno do K-Pop, música em coreano. Ou indo a algo mais clássico, vamos pensar na ópera, fundamentalmente em italiano. Imaginades a alguém deixando um comentário no vídeo do Gagnam Style que diga: La canción está bien, pero si está en coreano sólo la va a entender la gente de Corea. Deberían hacerla en castellano para que llegase a más gente. Ou, indo ao absurdo, que alguém se levantasse enfurecido no meio duma ópera e começasse a gritar: ¡No entiendo nada de lo que decís! ¡Cantad en español, que estamos en España!

O mundo tem mais de 7,8 mil milhões de habitantes e mais de 7.000 línguas diferentes. Se fazemos as nossas cousas bem feitinhas e sem renunciar a sermos quem somos, há muita gente aí fora a esperar com os braços abertos. Dizia Castelao que As palavras, como os páxaros, voam sobre as fronteiras políticas. Nom está mal a frase, mas eu quase que prefiro essa outra frase que cantavam as Tanxugueiras: Nom hai fronteiras.

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